terça-feira, 15 de outubro de 2013

ESCOLA E FAMÍLIA

Escola e família: hora de firmar a parceria
Para que os pais possam trabalhar pela aprendizagem da garotada, a comunicação entre você e eles precisa ser eficiente. Vale se desarmar de preconceitos e melhorar os momentos de contato pessoal e as mensagens escritas. Saiba como

 Os docentes sabem que o envolvimento da família tem um grande impacto no sucesso escolar dos alunos e, por isso, querem a ajuda dela. Porém, reclamam que os pais são omissos, colocando neles a culpa por problemas de indisciplina e pelo fracasso dos filhos nos estudos. Essa visão aparece nos relatos coletados na pesquisa Anos Finais do Ensino Fundamental: Aproximando-se da Configuração Atual, da Fundação Victor Civita (FVC), realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) em 2012. 

A concepção é explicada principalmente por um indicador: o baixo rendimento de estudantes que vivem em ambientes socioeconômicos vulneráveis. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2012 mostram que crianças nesse contexto apresentam o dobro de risco de ter um aproveitamento escolar fraco. Aliada a esse fato está a dificuldade dos professores em lidar com alunos que possuem uma bagagem cultural familiar diferente da esperada pela escola e que chegaram às salas de aula com a universalização da Educação Básica. Aqui o jogo do empurra-empurra fica mais sério, já que a situação cultural e socioeconômica não pode tirar de ninguém o direito de aprender. "Nem sempre é possível contar com um ambiente ideal em casa para dar continuidade ao trabalho realizado na escola, mas é responsabilidade do educador ensinar mesmo assim", afirma Maria Eulina Pessoa de Carvalho, docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). 

Na contramão do discurso docente, estudos mostram que os pais valorizam a escolarização dos filhos, vendo nela um meio de ascensão social. É o que aponta a pesquisa Esforços Educativos de Mães num Território de Alta Vulnerabilidade Social: um Estudo de Caso, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Nos depoimentos colhidos, mães afirmam não só se preocupar com o aprendizado dos filhos mas como investir nele. 
O que impede, então, que a vontade e o empenho de professores e familiares sejam construtivos? Um fator decisivo é a má comunicação. "Os docentes não conhecem as famílias e elas não sabem como funciona a escola dos filhos", diz Antônio Augusto Gomes Batista, do Cenpec. 
Para que possam colaborar, os pais precisam ser incluídos no planejamento pedagógico, entender as estratégias da escola e saber o que se espera deles. Nesse sentido, é imprescindível ouvi-los para identificar o que podem oferecer. 

A seguir, NOVA ESCOLA mostra como aprimorar os momentos de contato pessoal com as famílias e as mensagens escritas para elas.
Assim, todos poderão ficar do mesmo lado: o dos alunos:   

  Encontros que promovem o diálogo

Comum na Educação Infantil, a prática de educadores receberem no portão ou no pátio quem levou as crianças à aula, infelizmente, é esquecida no decorrer da Educação Básica. Ela mostra que a escola está aberta aos responsáveis e, para o professor, é uma oportunidade de se comunicar com eles quando estão disponíveis. Claro que nem tudo pode ser conversado no portão, mas o momento serve para combinar um horário para o atendimento individual.

Esse contato permite conhecer as famílias mais de perto para ampliar os dados que estão na ficha de matrícula. "Se um pai não participa das atividades propostas pela escola, não necessariamente é porque não quer. Nessas conversas é possível entender a rotina dele para pensar em como ajudá-lo a exercer sua parceria com a escola", diz Patrícia Mota Guedes, da Fundação Itaú Social. 


Problemas
Soluções
Os pais não se sentem à vontade para falar com o professor.
Esteja aberto ao encontro na porta da sala ou no pátio.
Os responsáveis não participam dos eventos escolares.
Use o contato na porta para lembrar datas importantes.
Não consigo dar atenção a todos na hora da entrada.
Marque horários para atendimentos individuais.
É impossível todos ficarem juntos no portão da escola.
Proponha um rodízio. A cada dia, um grupo faz a recepção.
Os pais deixam de levar os filhos à escola a partir do 6º ano.
Mantenha a rotina da recepção para mostrar que a escola está aberta.

Reuniões para formar e ouvir 
        
Nas reuniões, os pais devem conhecer o projeto político-pedagógico (PPP) da escola e as propostas para o ano letivo. Além de possibilitar que eles acompanhem a evolução dos filhos, os encontros são oportunidades de compreenderem como ajudar na estratégia de desenvolvimento que você estabeleceu para a criança.

A ausência dos responsáveis não significa, necessariamente, desinteresse. Em grande parte das redes, os encontros ocorrem no horário de expediente deles. Outros complicadores: muitos dizem que as reuniões são cansativas e demoradas e têm como tema principal o comportamento dos alunos. "Além de afastar a família, que se sente acuada, esse tipo de encontro não é produtivo para solucionar os problemas", diz Daniela Ribeiro. 
Para resolver isso, uma opção é fazer uma enquete com os familiares sobre os melhores horários. O encontro deve prever quatro pontos: espaço para os responsáveis falarem de suas angústias e expectativas, uma agenda equilibrada - que não pode conter só aspectos negativos em relação aos alunos mas também os avanços -, apresentação do que foi desenvolvido em aula e das propostas e do planejamento para os meses seguintes. 
É importante dar abertura para ouvir o que os responsáveis têm a dizer - queixas, sugestões e dúvidas - e responder a tudo com clareza.


Problemas
Soluções
Os responsáveis não vão à reunião.
Descubra o motivo da ausência e, se preciso, mude horários.
Os pais reclamam que no encontro só se fala de problemas dos alunos.
Fale das estratégias da escola e os envolva na solução dos problemas.
As famílias não sabem o que a escola realiza e o que os alunos aprendem.
Mostre as produções da turma para que elas entendam o trabalho feito.
Só você e os gestores falam no encontro.
Abra espaço para os pais exporem dúvidas e expectativas.
Os especialistas têm várias turmas e não conseguem falar com todos os pais.
Eles podem ficar em salas separadas e receber os pais em pequenos grupos.
                                                    
Avaliações merecem comentários

As avaliações e os registros dos alunos nos cadernos, incluindo a lição de casa, podem informar também para os responsáveis como o estudante está em relação ao conteúdo, assim como o relatório individual de aprendizagem - mais comum na Educação Infantil e nos anos iniciais do Fundamental. Nele constam o que foi trabalhado pelo professor e os avanços da criança.

Porém, muitas escolas não compartilham a avaliação com as famílias, outras apenas divulgam as notas, sem contextualizá-las. "Dessa forma, os pais não conseguem ter a real dimensão do desempenho de seus filhos e como ajudá-los", diz Patrícia Guedes. Para piorar, parte deles vê a avaliação como algo punitivo, não como medida que ajuda o professor a aperfeiçoar suas práticas. 


Problemas
Soluções
Os pais não sabem o que os alunos estão aprendendo e não valorizam o conhecimento.
Explique os objetivos do trabalho, sua importância e como ele é desenvolvido durante as aulas.
A escola fala mais de comportamento que de aprendizado. Só passa a nota aos pais.
Mostre as aprendizagens esperadas, como elas foram avaliadas e onde a criança está em relação a elas.
As famílias veem a avaliação como algo punitivo.
Valorize os avanços da criança e não apenas suas dificuldades.
Do 6º ao 9º ano é impossível fazer relatórios individuais.
Escreva um relatório por turma e explique nas provas o que era esperado de cada questão.

                                                   
 Em bilhetes, a troca de informações.

Enviados por e-mail, escritos em papel avulso, no caderno ou na agenda, os bilhetes são um meio de comunicação rápida e prática entre os professores e as famílias. Eles podem informar algo relacionado à criança, passar um recado breve ou convidar para eventos. Na prática, acabam servindo como reclamação formalizada aos pais sobre conflitos e descumprimento de regras, conforme indica pesquisa de Sandra Cristina Dedeschi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Não é preciso comunicar tudo. Problemas pontuais devem ser resolvidos internamente. "As famílias não sabem como agir diante de críticas. Ficam paralisadas ou usam artifícios muitas vezes equivocados como bater no filho ou castigá-lo", afirma Daniela Ribeiro.

Em casos de indisciplina, principalmente nos anos finais do Fundamental, o melhor é ouvir o que o estudante tem a dizer e fazer as intervenções para que ele reflita e mude de atitude. O bilhete só deve ser enviado se ele não melhorar. E, nesse caso, precisa ser escrito com o aluno, explicando que medidas já foram tomadas e chamando o responsável para que, juntos, pensem em um meio de ajudar o estudante. Se isso não for feito, é provável que o recado nem chegue ao destino. 
Já os cadernos, que transitam diariamente entre a escola e a casa, devem ser usados para auxiliar os pais a entender a função da lição de casa. Compartilhe com eles as estratégias por trás de uma atividade. Se uma tarefa de Matemática tem como objetivo mostrar as hipóteses de cálculo mental da criança, é importante avisar que ela precisa resolver os problemas sozinhos. 
"A família e a escola devem estar na mesma sintonia em relação à Educação da criança. Quando a escola compartilha suas estratégias, seus valores e os mecanismos de intervenção e reparação torna-se um exemplo para a família de como agir", diz Suzana Mesquita Moreira, coordenadora pedagógica do 6º ao 9º ano da Escola Projeto Vida, na capital paulista.


Problemas
Soluções
Os bilhetes só contêm reclamação sobre os estudantes.
Use os bilhetes para falar do dia das crianças e de seus avanços.
Os pais não sabem como ajudar o filho nos estudos.
Informe os encaminhamentos realizados e o que se espera deles para que haja continuidade.
Os pais não acompanham a lição de casa.
Escreva no caderno, perto da tarefa, orientações sobre os objetivos da lição e como podem ajudar.
Os alunos não entregam os recados pois têm medo de ser punidos.
Converse com a criança sobre o problema ocorrido e escreva o bilhete com ela


5 comentários:

  1. Zélia seu blog ficou lindo, diria feliz! Gostei muito da matéria "Escola e família: hora de firmar a parceria". Os quadros com problemas e soluções são muito bons. Percebi nos estágios que fiz e no meu trabalho que infelizmente alguns profissionais da educação, não só docentes, querem literalmente distância dos pais ou responsáveis, mas depois dizem que as crianças não aprendem por que não têm apoio familiar. Como diz o artigo é necessário que todos fiquem do mesmo lado: dos alunos. Assim certamente a aprendizagem será mais efetiva.
    Abraços, Sandra.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Sandra, na escola em que trabalho fazemos várias sugestões acima citadas. Temos uma agenda para contato diário com pais/responsáveis e todos os dias ao término das aulas, os pais pegam os filhos na porta da sala de aula, é um momento para conversarmos, marcar uma reunião individual.
    é um momento muito importante e os pais se sentem acolhidos em nossa escola.
    Abracos

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  4. Zélia, estou adorando seu blog, além de criativo, está muito instrutivo. Gostei da matéria "Família e Escola", esta parceria é imprescindível na vida das crianças.
    Abraços, Marlene.

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