Escola e família: hora de firmar a parceria
Para que os pais
possam trabalhar pela aprendizagem da garotada, a comunicação entre você e eles
precisa ser eficiente. Vale se desarmar de preconceitos e melhorar os momentos
de contato pessoal e as mensagens escritas. Saiba como
Os docentes sabem que o envolvimento da família tem um grande
impacto no sucesso escolar dos alunos e, por isso, querem a ajuda dela. Porém,
reclamam que os pais são omissos, colocando neles a culpa por problemas de
indisciplina e pelo fracasso dos filhos nos estudos. Essa visão aparece nos
relatos coletados na pesquisa Anos Finais do Ensino Fundamental: Aproximando-se
da Configuração Atual, da Fundação Victor Civita (FVC), realizada pela Fundação
Carlos Chagas (FCC) em 2012.
A concepção é explicada principalmente por um indicador: o baixo
rendimento de estudantes que vivem em ambientes socioeconômicos vulneráveis.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de
2012 mostram que crianças nesse contexto apresentam o dobro de risco de ter um
aproveitamento escolar fraco. Aliada a esse fato está a dificuldade dos
professores em lidar com alunos que possuem uma bagagem cultural familiar
diferente da esperada pela escola e que chegaram às salas de aula com a
universalização da Educação Básica. Aqui o jogo do empurra-empurra fica mais
sério, já que a situação cultural e socioeconômica não pode tirar de ninguém o
direito de aprender. "Nem sempre é possível contar com um ambiente ideal
em casa para dar continuidade ao trabalho realizado na escola, mas é
responsabilidade do educador ensinar mesmo assim", afirma Maria Eulina
Pessoa de Carvalho, docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Na contramão do discurso docente, estudos mostram que os pais valorizam a escolarização dos filhos, vendo nela um meio de ascensão social. É o que aponta a pesquisa Esforços Educativos de Mães num Território de Alta Vulnerabilidade Social: um Estudo de Caso, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Nos depoimentos colhidos, mães afirmam não só se preocupar com o aprendizado dos filhos mas como investir nele.
Na contramão do discurso docente, estudos mostram que os pais valorizam a escolarização dos filhos, vendo nela um meio de ascensão social. É o que aponta a pesquisa Esforços Educativos de Mães num Território de Alta Vulnerabilidade Social: um Estudo de Caso, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Nos depoimentos colhidos, mães afirmam não só se preocupar com o aprendizado dos filhos mas como investir nele.
O que impede, então, que a vontade e o empenho de professores e
familiares sejam construtivos? Um fator decisivo é a má comunicação. "Os
docentes não conhecem as famílias e elas não sabem como funciona a escola dos
filhos", diz Antônio Augusto Gomes Batista, do Cenpec.
Para que possam colaborar, os pais precisam ser incluídos no
planejamento pedagógico, entender as estratégias da escola e saber o que se
espera deles. Nesse sentido, é imprescindível ouvi-los para identificar o que
podem oferecer.
A seguir, NOVA ESCOLA mostra como aprimorar os momentos de contato pessoal com as famílias e as mensagens escritas para elas.
Assim, todos
poderão ficar do mesmo lado: o dos alunos:
Encontros que promovem o diálogo
Comum na Educação Infantil, a prática de educadores receberem no portão
ou no pátio quem levou as crianças à aula, infelizmente, é esquecida no
decorrer da Educação Básica. Ela mostra que a escola está aberta aos
responsáveis e, para o professor, é uma oportunidade de se comunicar com eles
quando estão disponíveis. Claro que nem tudo pode ser conversado no portão, mas
o momento serve para combinar um horário para o atendimento individual.
Esse contato permite conhecer as famílias mais de perto para ampliar os dados que estão na ficha de matrícula. "Se um pai não participa das atividades propostas pela escola, não necessariamente é porque não quer. Nessas conversas é possível entender a rotina dele para pensar em como ajudá-lo a exercer sua parceria com a escola", diz Patrícia Mota Guedes, da Fundação Itaú Social.
Esse contato permite conhecer as famílias mais de perto para ampliar os dados que estão na ficha de matrícula. "Se um pai não participa das atividades propostas pela escola, não necessariamente é porque não quer. Nessas conversas é possível entender a rotina dele para pensar em como ajudá-lo a exercer sua parceria com a escola", diz Patrícia Mota Guedes, da Fundação Itaú Social.
Problemas
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Soluções
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Os pais não se sentem à vontade
para falar com o professor.
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Esteja aberto ao encontro na
porta da sala ou no pátio.
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Os responsáveis não participam
dos eventos escolares.
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Use o contato na porta para
lembrar datas importantes.
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Não consigo dar atenção a todos
na hora da entrada.
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Marque horários para
atendimentos individuais.
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É impossível todos ficarem
juntos no portão da escola.
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Proponha um rodízio. A cada
dia, um grupo faz a recepção.
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Os pais deixam de levar os
filhos à escola a partir do 6º ano.
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Mantenha a rotina da recepção
para mostrar que a escola está aberta.
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Reuniões para
formar e ouvir
Nas reuniões, os
pais devem conhecer o projeto político-pedagógico (PPP) da escola e as
propostas para o ano letivo. Além de possibilitar que eles acompanhem a
evolução dos filhos, os encontros são oportunidades de compreenderem como
ajudar na estratégia de desenvolvimento que você estabeleceu para a criança.
A ausência dos responsáveis não significa, necessariamente, desinteresse. Em grande parte das redes, os encontros ocorrem no horário de expediente deles. Outros complicadores: muitos dizem que as reuniões são cansativas e demoradas e têm como tema principal o comportamento dos alunos. "Além de afastar a família, que se sente acuada, esse tipo de encontro não é produtivo para solucionar os problemas", diz Daniela Ribeiro.
A ausência dos responsáveis não significa, necessariamente, desinteresse. Em grande parte das redes, os encontros ocorrem no horário de expediente deles. Outros complicadores: muitos dizem que as reuniões são cansativas e demoradas e têm como tema principal o comportamento dos alunos. "Além de afastar a família, que se sente acuada, esse tipo de encontro não é produtivo para solucionar os problemas", diz Daniela Ribeiro.
Para resolver isso, uma opção é fazer uma enquete com os familiares
sobre os melhores horários. O encontro deve prever quatro pontos: espaço para
os responsáveis falarem de suas angústias e expectativas, uma agenda
equilibrada - que não pode conter só aspectos negativos em relação aos alunos
mas também os avanços -, apresentação do que foi desenvolvido em aula e das
propostas e do planejamento para os meses seguintes.
É importante dar abertura para ouvir o que os responsáveis têm a dizer -
queixas, sugestões e dúvidas - e responder a tudo com clareza.
Problemas
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Soluções
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Os responsáveis não vão à
reunião.
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Descubra o motivo da ausência
e, se preciso, mude horários.
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Os pais reclamam que no
encontro só se fala de problemas dos alunos.
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Fale das estratégias da escola
e os envolva na solução dos problemas.
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As famílias não sabem o que a
escola realiza e o que os alunos aprendem.
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Mostre as produções da turma
para que elas entendam o trabalho feito.
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Só você e os gestores falam no
encontro.
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Abra espaço para os pais
exporem dúvidas e expectativas.
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Os especialistas têm várias
turmas e não conseguem falar com todos os pais.
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Eles podem ficar em salas
separadas e receber os pais em pequenos grupos.
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Avaliações merecem comentários
As avaliações e os registros dos alunos nos
cadernos, incluindo a lição de casa, podem informar também para os responsáveis
como o estudante está em relação ao conteúdo, assim como o relatório individual
de aprendizagem - mais comum na Educação Infantil e nos anos iniciais do
Fundamental. Nele constam o que foi trabalhado pelo professor e os avanços da
criança.
Porém, muitas escolas não compartilham a avaliação com as famílias, outras apenas divulgam as notas, sem contextualizá-las. "Dessa forma, os pais não conseguem ter a real dimensão do desempenho de seus filhos e como ajudá-los", diz Patrícia Guedes. Para piorar, parte deles vê a avaliação como algo punitivo, não como medida que ajuda o professor a aperfeiçoar suas práticas.
Porém, muitas escolas não compartilham a avaliação com as famílias, outras apenas divulgam as notas, sem contextualizá-las. "Dessa forma, os pais não conseguem ter a real dimensão do desempenho de seus filhos e como ajudá-los", diz Patrícia Guedes. Para piorar, parte deles vê a avaliação como algo punitivo, não como medida que ajuda o professor a aperfeiçoar suas práticas.
Problemas
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Soluções
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Os pais não sabem o que os
alunos estão aprendendo e não valorizam o conhecimento.
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Explique os objetivos do
trabalho, sua importância e como ele é desenvolvido durante as aulas.
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A escola fala mais de
comportamento que de aprendizado. Só passa a nota aos pais.
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Mostre as aprendizagens
esperadas, como elas foram avaliadas e onde a criança está em relação a elas.
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As famílias veem a avaliação
como algo punitivo.
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Valorize os avanços da criança
e não apenas suas dificuldades.
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Do 6º ao 9º ano é impossível
fazer relatórios individuais.
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Escreva um relatório por turma
e explique nas provas o que era esperado de cada questão.
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Em bilhetes, a troca de informações.
Em casos de indisciplina, principalmente nos anos finais do Fundamental, o melhor é ouvir o que o estudante tem a dizer e fazer as intervenções para que ele reflita e mude de atitude. O bilhete só deve ser enviado se ele não melhorar. E, nesse caso, precisa ser escrito com o aluno, explicando que medidas já foram tomadas e chamando o responsável para que, juntos, pensem em um meio de ajudar o estudante. Se isso não for feito, é provável que o recado nem chegue ao destino.
Já os cadernos, que transitam diariamente entre a escola e a casa, devem
ser usados para auxiliar os pais a entender a função da lição de casa.
Compartilhe com eles as estratégias por trás de uma atividade. Se uma tarefa de
Matemática tem como objetivo mostrar as hipóteses de cálculo mental da criança,
é importante avisar que ela precisa resolver os problemas sozinhos.
"A família e a escola devem estar na mesma sintonia em relação à
Educação da criança. Quando a escola compartilha suas estratégias, seus valores
e os mecanismos de intervenção e reparação torna-se um exemplo para a família
de como agir", diz Suzana Mesquita Moreira, coordenadora pedagógica do 6º
ao 9º ano da Escola Projeto Vida, na capital paulista.
Problemas
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Soluções
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Os bilhetes só
contêm reclamação sobre os estudantes.
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Use os bilhetes
para falar do dia das crianças e de seus avanços.
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Os pais não sabem
como ajudar o filho nos estudos.
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Informe os
encaminhamentos realizados e o que se espera deles para que haja
continuidade.
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Os pais não
acompanham a lição de casa.
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Escreva no
caderno, perto da tarefa, orientações sobre os objetivos da lição e como
podem ajudar.
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Os alunos não
entregam os recados pois têm medo de ser punidos.
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Converse com a
criança sobre o problema ocorrido e escreva o bilhete com ela
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